terça-feira, 9 de dezembro de 2008

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Anjo
Era assim que meus colegas me chamavam na época de escola. Minha mãe gostava de deixar meus cabelos castanhos crescerem como os de um querubim...Hoje, aos 18 anos, uso o cabelo raspado bem baixo para compensar. Eu detestava os apelidos idiotas que recebia (e por isso os recebia), poucas pessoas me chamavam pelo nome - Arthur. Eu sempre gostei deste nome, me lembrava às histórias do Rei Arthur e da Távola redonda - Que foi de onde meus pais tiraram o nome.
Morava em uma cidade do interior, e a 1 ano me mudei para Porto Alegre querendo fazer cursinho pra passar na UFRGS. Foi no cursinho que a conheci, Dominique. Lembro o primeiro dia, fui o primeiro a chegar na sala de aula, logo vieram muitas e muitas pessoas, e eu ao lado da janela, como fazia no tempo de escola. A aula havia começado, e do nada, três batidas na porta anunciam a chegada dela, uma garota de altura mediana, cabelos ruivos e brilhantes, pele clara com sardas nos locais exatos. Um sorriso encabulado e um olhar de cachorrinho sem dono para o professor - Assim como qualquer outra pessoa, o professor concedeu perdão àqueles olhos verde esmeralda, ela sabia que este olhar nunca falhava. Ela desfilou pela sala com sua blusa branca e calça jeans, e se sentou atrás de mim, à única carteira livre.
Ela me cutucou e pediu emprestada uma caneta, emprestei a minha vermelha. Ela pagou esta boa ação com um sorriso de diamante e disse: "Obrigada, me chamo Dominique". Eu perdi um segundo admirando aquele instante e gaguejando respondi: "o p-prazer é meu, me chamo A-Arthur". Ela sorriu e disse: "hi! hi! Prazer A-Arthur". Eu sempre fiquei nervoso em situações como esta, com garotas bonitas. Minhas mãos suam e tremem, meus estomago fica como se estivesse oco, eu tropeço nas palavras.
Na finalidade de aprendizagem aquela aula foi um lixo, mas na finalidade de relacionamento foi perfeita. Dominique me cutucava a cada 5 minutos para conversar ou pedir algo, e no fim da aula, ela pegou a minha mão e escreveu o numero de seu telefone com minha caneta vermelha, dizendo: "Me liga pra gente combinar algo A-Arhur, hi! hi!" Nunca fui forte nem fraco, nem gordo e nem magro, me misturo facilmente na multidão, será que foi apenas a dama da sorte que pós ela em minha vida e fez com que eu a conhecesse?
Aquele dia eu a conheci, após três semanas nós começamos a namorar. Engraçado...isso faz mais de um ano...mas pra mim é como se fosse ontem...Como a memória é traiçoeira, nos fazendo sentir saudade das coisas que perdemos.
 
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