quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

7

Acordei mas não abri os olhos.
Fiquei deitado um tempo na cama, sentindo o meu corpo esparramado no colchão, pernas e braços descobertos e escorrendo pelas laterais. Não conseguia forças para me levantar, sentia que era dia, mas como não recebi o calor dos raios de sol pelas frestas da janela, provavelmente estava nublado. Eu sabia que precisava levantar, tinha que seguir o que a Domi falou ontem à noite e tocar minha vida – mas creio que ficar um pouco mais na cama não fará mal algum...

De repente, senti uma presença ruim, era como se alguém estivesse me observando ali, deitado e vulnerável. Pensei que poderia apenas ser uma coisa da minha mente...mas era muito real. Decidi abrir os olhos e olhar o quarto, então eu vi, havia sim alguém ali me observando. Dei um pulo ligeiro que fez meu corpo até doer, então sentada na beirada da cama estava uma garota baixa q magra, cabelos curtos e pretos. Estava escuro e não pude ver muita coisa, mas o que me chamou a atenção eram seus olhos tristes, eles passavam uma profunda melancolia que de certo modo era instigante.
_Que quarto mais bagunçado – disse ela olhando ao redor com desdém.
_Quem é você? O que esta fazendo aqui no meu quarto?
_Há! Estou louca para saber como vai ser, como você vai se sentir, Se vai pirar ou entrar em choque.
_Mas, do que você esta falando? È dinheiro que você quer?
Ela se debruçou, e venho engatinhando na cama na minha direção, olhando fixamente para meus olhos.
_Hei...você é algum tipo de Succubus?
Ela veio até o meu ouvido e sussurrou.
_Vou precisar de você, vou precisar de sua ajuda, por isso fique a vista, quero encontrar você logo após acontecer, eu não tenho muito tempo – Ela se afastou, ficando de joelhos encima de mim.
_Você é louca, do que você esta falando?
Ela então aponta para a minha direita, quando eu olho, vejo um vulto com asas negras. Antes mesmo que eu pudesse ter qualquer reação, ele rapidamente desfere um golpe de punhal em meu coração – a dor era alucinante, e um grito de dor fugia no ar...

Ao abrir os olhos e me vi jogado em minha cama, esparramado. Sentei-me e pus rapidamente as mãos no peito, mas não havia ferimento algum, havia sido apenas um pesadelo – Mas foi o pesadelo mais real que já tive, senti cada detalhe dele, sentia o ar que respirava, o golpe no coração, tudo era real. Abri a janela, e o dia estava limpo, o sol que entrava pela janela e tocava minha pele ardia como se eu nunca tivesse sido tocado por ele na vida. A claridade ardia em meus olhos, fui direto ao banheiro lavar o rosto.
Joguei uma água na cara, e fiquei ali um tempo, apenas me observando no espelho. Lembrando do pesadelo que até então tive, da garota de olhos triste e das coisas sem sentido que ela me falou. Geralmente dizem que nosso subconsciente usa coisas que já vimos ou estamos familiarizados em nossos sonhos, mas não lembro de ter visto aquela garota em lugar algum – Ela não parecia ser uma pessoa que você esquece a primeira vista. E aquele maldito vulto de asas negras, já não era a primeira vez que me atormentava em sonhos.
Enfim, foi apenas um pesadelo, eu parado ali com tanta coisa para fazer. Precisava colocar a vida em ordem, voltar a estudar, comprar um par de calçados novos. Peguei o meu celular e nele havia muitas mensagens e ligações não atendidas. Pelo jeito eu deixei minha vida de lado, mas a mesma não havia feito o mesmo comigo. Era hora de botar o trem nos eixos novamente.
 
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Requiem da Meia-Noite by Ródjer Goulart is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.