segunda-feira, 2 de março de 2009

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Redenção
O Parque Farroupilha, mais conhecido como Parque da Redenção, se localiza no centro da cidade, próximo da UFRGS. É um local aberto, onde a cor verde predomina por todo o território, contratando com o cinza dos prédios e o azul do céu. Uma área muito grande, com parque de diversão, quadras de esporte e vários lugares onde você pode encontrar uma boa sombra pra descansar.
Sempre gostei muito deste lugar, vinha muito com amigos jogar peteca. Vim algumas vezes no domingo, onde fica cheio de verdade. Aos domingos tem o Brick da Redenção, onde você pode encontrar de tudo. Perto do arco da redenção, acontece uma grande concentração de adolescentes. Aparece todo o tipo de pessoa, tecnicamente é um território livre e neutro, onde as pessoas podem ser o que elas quiserem. Gays, lésbicas, emos, punks, góticos, otakus e todo o tipo de conceito que você possa imaginar interagindo num ambiente em que ninguém os julga.
Eu havia entrado e passado pela área do zoológico, onde encontrei muitos gatos reunidos junto às árvores , alguns passaram na minha frente enquanto outros apenas me observavam atentos, como se esperassem alguma reação contra eles, seus olhos brilhantes em minha direção. Cheguei à área aberta e me dirigi até próximo do grande arco da redenção. Passei por um homem muito magro sentado em um canto. Aquele homem fazia a palavra fome sair do abstrato pro concreto – pessoas de rua sempre me comovem, afinal não sei o que levou este homem a este estado (normalmente é mulher). Como era dia de semana, havia poucas pessoas ali, muitas pessoas correndo e fazendo exercícios, outras apenas cruzando para chegar em outro destino. Observei dois caras mal encarados...um era meio gordo, enquanto o outro mais franzino....este último me era familiar, mas não quis me lembrar de familiaridade com marginais...
A redenção é perto de onde moro, mas fazia um tempo que não a visitava. Da última vez havia vindo com a Domi e alguns amigos. Foi um domingo lotado, onde presenciamos cenas como um garoto ser assaltado e uma garota sentada no banco lendo livro de saia, e sem calcinha - pra todo mundo ver. Naquele tempo estávamos bem, foi um dia muito divertido...acho que o último realmente divertido da nossa relação. O sol estava para se pôr, mas queria ver o pôr do sol em outro lugar, então comprei um cachorro quente numa carrocinha e uma latinha de refrigerante e me larguei – antes pensei em dar um cachorro quente ao homem magro, mas ele já não estava mais lá... Fui notando que em alguns cantos pelo caminho, havia uns caras mal encarados parados e me olhando... Eles não estavam perto de mim, mas sentia no olhar deles alguma intenção ruim...porém não liguei...cara feia pra mim e fome...
Se eu tivesse me antenado...talvez o fim deste dia pudesse ser um pouco diferente...
 
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Requiem da Meia-Noite by Ródjer Goulart is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.