domingo, 11 de janeiro de 2009

5

Meu coração disparou!
Ao ouvir a Domi falar daquela maneira no celular, dei um sobressalto da cama, meu sono desapareceu como se tivesse sido arrancado de mim com a mão.
_O que foi Domi, o que aconteceu?
_Eu tô aqui no cursinho...vem rápido por favor...
_Está bem, estou indo, fica calma...

A ligação foi encerrada...
Tentei retornar a ligação, mas dizia que estava fora da área de cobertura ou desligado...

Eu olhei pela janela, já era noite. Sai com a roupa toda amassada, assim como estava na cama eu decolei para a porta. Como haviam levado meu tênis, tive q ir com as minhas velhas havaianas pretas. Enquanto eu descia as escadas eu pensava o que poderia ter acontecido com ela. Minha mente se enchia dos piores pensamentos, eu lembrava da noite anterior e das visões que tive quando Aline estava sendo atacada...Imaginava Domi sendo ameaçada pela fria lâmina de uma faca enquanto eles abusavam dela...Que pesadelo...
O cursinho não ficava muito longe, sempre que saia atrasado, eu levava cerca de 15 min. correndo.

15 min.
Muita coisa pode acontecer em 15 min.

Corri.
Corri como a tempos não corria.
E percebi como é ruim correr com havaianas. Eu passava reto pelas pessoas, só conseguia pensar em Domi e o que poderia estar acontecendo com ela. Em duas quadras as minhas havaianas já haviam se esfacelado em meio ao asfalto. Após quase ser atropelado duas vezes, cheguei no prédio do cursinho. Fiquei de prontidão, atento a cada movimento e observando cada detalhe em busca de algo. Subi as escadas e cheguei ao segundo andar, onde me deparei com Domi sentada nas poltronas de espera. Ela estava de cabeça baixa e batendo um pé contra o chão, obviamente nervosa, segurava um copo de plástico em que deveria ter bebido água. Ao me ver saindo pela porta, largou o copo e correu até mim, dando um forte abraço.
_Ainda bem que você veio.
_O que foi? O que aconteceu?
_Eu estava sendo perseguida por um cara mal encarado quando voltava pra casa - ela controlou a respiração - então fiquei assustada e corri, mas ele vinha atrás. Acabei entrando aqui dentro...
_E por que ligou pra mim?
_Não sei...Foi a primeira coisa que me veio a mente...Acho que já não tem mais perigo agora, me desculpa te incomodar...
Vi que ela estava um pouco constrangida com a situação, ela não olhava em meus olhos quando falava comigo, como uma criança quando quebra um brinquedo e sabe que vai levar a culpa.
_Que isso, não tem problema...Eu estava sem fazer nada em casa mesmo...
Um silêncio constrangedor pairou sobre nós.
_Art, tá afim de tomar um refri? Eu pago, é o mínimo que posso fazer por ter te tirado assim de casa.
_Por mim tudo bem.

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