terça-feira, 13 de janeiro de 2009

6

Que susto.
Ela estava mais calma, e eu também, afinal havia pensando tantas coisas terríveis.
Descemos até uma padaria que havia bem perto do cursinho, durante o intervalo a gente sempre aparecia lá para comer algo. Era uma padaria clássica, funcionava a noite como uma agradável cafeteria.
_Pega duas cocas ali no freezer.
Enquanto eu pegava as latinhas, ela pagava a tia do caixa. Escolhi um lugar longe da janela, assim caso o cara que a estivesse procurando andasse por ali perto não veria ela.
_Então, porque não foi mais nas aulas? – Pediu ela.
_...Eu não ando muito bem,na verdade... Ando pensando muito em você...
Ela olhou para o lado.
_Desculpe Arthur, mas nós não temos mais nada. Entendo que você esteja triste, mas você não pode deixar seus afazeres por causa disso. Tem quase seguir em frente, pensar no seu futuro e na sua vida.
Aquelas frases dela doíam em mim, pois sabia que ela estava falando a verdade, sendo sincera, e era algo irredutível.
_Eu sei, mas...Tem sido difícil para mim...Porém você me conhece mais do que ninguém, sabe que eu supero.
Ela tocou a minha mão com seus dedinhos suaves sobre a mesa.
_Na verdade, eu também andei re-vendo os fatos. Nossa briga foi culpa minha, sabe que sou ciumenta...mas o problema não é você, sou eu – Até aquele momento, me via como um sujeito pedindo algo que não pertencia a ele para alguém que pudesse mudar tudo, mas então me toquei que na verdade, era ela que estava querendo me fazer entender o rumo que as coisas haviam tomado – Você é um anjo, uma pessoa muito especial...Sabe que sempre será importante pra mim e que sinto algo especial por você... Mas eu preciso de um tempo pra mim, você me entende né?
As mulheres tem a habilidade de agirem de uma maneira tão cruel as vezes. Eu olhava aqueles olhos verdes e brilhantes, ela dava um sorriso que pedia a minha compreensão imediata.
_Eu entendo sim...Não se preocupe comigo, ficarei bem.
_Fico mais tranqüila em saber.
Ela se levantou.
Eu me levantei.
Demos um abraço bem forte. Foi um abraço profundo, como se fosse uma despedida de alguém que está indo para um lugar distante. Não sei quanto tempo durou, mas durante aquele abraço, pra mim o tempo parou.
Saímos da padaria com as latas na mão, eu já havia acabado a minha e joguei no lixo, ela ainda não. Andávamos mudos, sem falar nada e em passos lentos. Eu observava cada pessoa em busca de alguém suspeito.
_Art? - Pediu Ela.
_O que foi?
_Por que você está de pés descalços?

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