quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

9

Isto estava parecendo um encontro.
Aline falava bastante, me puxava pela mão enquanto nós andávamos pelas movimentadas ruas do centro de Porto Alegre. Ela falava tão alto que conseguia distinguir a voz dela no meio de todas as pessoas. Notava que ela estava sorrindo bem alegre...mas sentia como se ela usasse isso como um escudo, uma máscara, era como se ela estivesse escondendo algo com toda aquela alegria.
Os tênis que ela havia me dado eram extremamente desconfortáveis. Pelo buraco do calcanhar conseguia sentir cada pedra que pisava, se pisasse em uma moeda saberia a sua face. Diz-se que se conhece um homem pelo sapato que usa, então de pés descalços eu teria mais caráter. As pessoas na cidade grande não costumam olhar para quem esta ao redor, sempre estão com muita pressa para isso – Mas eu senti muitas caretas em direção a mim e meu tênis. Quando comprarmos o tênis novo irei botar fogo neste, estarei fazendo um favor aos pés da humanidade.
Era dia de semana, a cidade estava lotada!!! Mas Aline sabia como se mover de uma maneira que driblava a todos, era como se ela estivesse nadando em meio a milhares de corpos. Em meio a tantas pessoas....eu vi passar por mim a garota triste do meu sonho...reconheci de imediato, ela não olhou para mim, mas pude reconhecer seu olhar triste. Me virei para Aline, desvencilhei-me de sua mão.
_Aline, espera um pouco...
Me virei e sai a procurá-la, Olhava em cada rosto e em cada pessoa...Mas ela não estava ali, era como se tivesse sido tragada pela multidão e desaparecido sem deixar vestígios.
_O que foi Arthur? Você está bem – disse Aline preocupada.
_Ah? Sim....É que meu tênis tinha escapado do pé, daí fui pegar devolta.
_Tome mais cuidado. Você não se importa se comermos algo antes de comprarmos o tênis? Estou com uma fominha...
_Claro que não – Na verdade me importava sim, compraria até tamanco escocês pra me livrar daqueles malditos tênis – onde vamos comer?
Enquanto nos desviávamos entre as pessoas para comer, eu refletia sobre a tal garota que eu vi. Será que estou ficando louco? Começava a ver esta garota em toda a parte...Era muito real pra ser apenas imaginação...
_Você está bem? – Pediu Aline, que havia nos carregado até uma área com menos pessoas – Parece que está com a cabeça longe...
_Não, que nada, só estava pensando nas aulas que perdi no cursinho.
_Eu sei o que é, você quer comprar o tênis primeiro né? Vamos lá então.
É, até que ela era esperta.

Nenhum comentário:

 
Creative Commons License
Requiem da Meia-Noite by Ródjer Goulart is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso Não-Comercial-Vedada a Criação de Obras Derivadas 2.5 Brasil License.